segunda-feira, 22 de agosto de 2016

“Tornaram-se abomináveis como as coisas que amaram”

[ipco]
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Nossa primeira gravura mostra uma “Cabeça”, mármore de 35,5 cm de altura que se encontra no Museu do Louvre. Procede de Amorgos, no arquipélago grego da Cyclades. Trata-se de um ídolo da era pré-helênica.
As maravilhas do universo devem conduzir o homem ao conhecimento da sabedoria, da bondade e da beleza do Criador de todas as coisas. Mas, tendo se tornado pagão, ele começou a adorar não raras vezes seres inferiores, como os animais, ou até divindades imaginárias horrendas. Com freqüência, adorando figuras humanas adorou-as monstruosas, como é o caso desta “cabeça”. Se alguém com esta cara andasse pelas ruas, causaria horror. E se entrasse num bonde ou num ônibus, imediatamente este se esvaziaria. Se houvesse uma moléstia cujo efeito fosse o de tornar assim suas vítimas, todos os médicos da terra se mobilizariam contra ela. É que se trata de um monstro, muito expressivo, é certo, mas por isto mesmo ainda mais terrível, pois dele só se desprende monstruosidade.
* * *
Como não sentir compaixão dos pobres pagãos, levados a adorar este monstro? Como não perceber a deformação mental e moral que introduz na alma a adoração de um ente como este?
A tal respeito, a Sagrada Escritura observa com clarividência que os homens se modelam pelas coisas que amam: “Encontrei Israel como cachos de uva no deserto; vi os seus pais como os primeiros frutos da figueira, que aparecem no cimo dela; mas eles foram ao templo de Beelfegor, e afastaram-se de mim para se cobrirem de confusão, e tornaram-se abomináveis como as coisas que amaram” (Oz. 9, 10).
Se é verdade que aquilo que o homem ama o transforma, pergunta-se: é desejável modelar alguém segundo esta estranha e grotesca cabeça reproduzida na segunda foto? O leitor quereria, por exemplo, que segundo ela se conformassem de alma ou de corpo os seus filhos?
E como dói dizer que a intenção do autor, o conhecido escultor francês contemporâneo Jean Lambert-Rucki, foi representar Nosso Senhor Jesus Cristo, a fonte de toda a santidade e, por isto mesmo, modelo infinitamente perfeito de inefável equilíbrio de personalidade.
Dizer a alguém: este foi Cristo, imita-o, sê como Ele, é educar, é formar, é trabalhar para a ascensão espiritual do homem?

Publicado originalmente em “Catolicismo” Nº 116 – Agosto de 1960  na seção Ambiente, Costumes, Civilizações”

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