domingo, 8 de maio de 2016

Fátima, misterioso e maternal aviso

[abim]
Por Pe. David Francisquini (*)


 O dia 13 de maio de 2017 — do qual apenas um ano nos separa — revestir-se-á de invulgar importância. Será o centenário de um acontecimento histórico que marcou profundamente o século XX e continua a marcar o século XXI: uma Senhora de aspecto deslumbrante aparece em Fátima (Portugal) a três crianças na Cova da Iria, e lhes revela uma Mensagem destinada ao mundo inteiro.
Era a Santíssima Virgem, que abria assim ao mundo contemporâneo o caminho da conversão e de radiosas esperanças, o que devia dar-se através da oração, da penitência, da mortificação e da mudança de vida. Bastou que Nossa Senhora lhes aparecesse para que as crianças levassem a sério o que a Mãe do Céu lhes dissera.
Nossa Senhora de Fátima

Lúcia, Jacinta e Francisco [foto acima] — assim se chamavam — procuraram meios de se oferecer a Deus como vítimas pelos pecados do mundo, a fim de consolar o Coração Imaculado de Maria. Caso a humanidade atendesse aos pedidos de Nossa Senhora em Fátima, converter-se-ia a Rússia, evitar-se-iam as duas guerras mundiais, e seria afastada a crise sem precedentes que grassou na Igreja.
Nossa Senhora de Fátima         
Mas, como tal não se deu, a Rússia espalhou seus erros pelo mundo subvertendo a sociedade, sobretudo a família e a religião. A humanidade foi flagelada por duas grandes guerras que ceifaram milhões de vidas. E quem poderia imaginá-lo, com o Concílio Vaticano II [foto] e o pós-Concílio, a fumaça de Satanás penetrou na Igreja, segundo constatou o próprio Paulo VI.
Segundo esse Pontífice, pensava-se que “viria um dia ensolarado para a história da Igreja; veio, pelo contrário, um dia coberto de nuvens, de tempestade, de escuridão, de indagação e de incerteza [...]. A Igreja atravessa hoje um momento de inquietude. Alguns praticam a autocrítica, dir-se-ia até à autodemolição [...]. A Igreja é golpeada pelos que d’Ela fazem parte”. 
Por sua vez, diante do predomínio desse quadro, João Paulo II expressou-se com as seguintes palavras: “É necessário admitir realisticamente e com profunda e sentida sensibilidade que os cristãos hoje, em grande parte, sentem-se perdidos, confusos, perplexos e até desiludidos: foram divulgadas prodigamente ideias contrastantes com a verdade revelada e desde sempre ensinada; foram difundidas verdadeiras e próprias heresias, no campo dogmático e moral, criando dúvidas, confusões e rebeliões; alterou-se até a liturgia; imersos no “relativismo” intelectual e moral, e, por conseguinte, no permissivismo, os cristãos são tentados pelo ateísmo, pelo agnosticismo, pelo iluminismo vagamente moralista, por um cristianismo sociológico, sem dogmas definidos e sem moral objetiva”.
É também esclarecedor o que afirmou ainda o Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé e futuro Papa Bento XVI: “Os resultados que se seguiram ao Concílio parecem cruelmente opostos à expectativa de todos, a começar do Papa João XXIII e depois de Paulo VI [...]. Os papas e os padres conciliares esperavam a nova unidade católica e, pelo contrário, se caminhou para uma dissensão, que — para usar as palavras de Paulo VI — pareceu passar da autocrítica à autodemolição. Esperava-se um novo entusiasmo e, em lugar dele, acabou-se com demasiada frequência no tédio e no desânimo. Esperava-se um salto para frente e, em vez disso, encontramo-nos ante um processo de decadência progressiva…”. E conclui: “Afirma-se com letras claras que uma real reforma da Igreja pressupõe um inequívoco abandono das vias erradas que levaram a consequências indiscutivelmente negativas.”
As consequências da crise religiosa, sobretudo em questão de fé e moral, são desastrosas em todos os campos e não se restringiram ao interior da Igreja. Basta observar o ambiente que nos cerca, para verificar a crise que abala a família, os costumes, a política, a economia, a educação e o comportamento humano. Essa crise agravou-se no Brasil com a ascensão do PT ao poder, mas mesmo antes, nos governos que o antecederam, já grassava nas faculdades, nos ensinos fundamental e médio, na vida intelectual, moral e psicológica, paulatinamente trabalhados no sentido do pensamento do regime petista, ou seja, do socialismo marxista.  
O Partido dos Trabalhadores se baseia numa concepção ateia e materialista da sociedade e utilizou todos os meios para se instalar definitivamente no Poder a fim de implantá-la. Não estranha que, com o eventual afastamento da atual Presidente, o novo governo venha a compor seu ministério com nomes caros aos atuais mandatários petistas e a FHC, conforme noticiou o diário “El País” de Madrid, de 28 de abril de 2016, em matéria redigida por Afonso Benites com o título: “Michel Temer prepara primeiro escalão com nomes de confiança de Lula e FHC”. 
Se assim for, conclui-se que tudo parece caminhar para a continuação do petismo sem PT. Tudo isso ocorreu progressivamente, através das ideias novas plantadas dentro da Igreja católica em conúbio com os desideratos da Revolução universal. Procura então encaminhar a humanidade rumo ao caos. Donde se compreende a apreensão de Nossa Senhora em Fátima com os rumos que se delineavam em 1917 em vista da ascensão do bolchevismo na Rússia. Nessa ocasião a Virgem Santíssima previu que este país seria a grande ameaça para a Igreja e para o mundo.

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(*) Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria – Cardoso Moreira (RJ).

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