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No Brasil, agosto é dedicado à especial oração pelas vocações aos ministérios, serviços e a vida consagrada na Igreja.
Todos os cristãos são chamados a progredir na caridade |
Por Cardeal Odilo Pedro Scherer*
Jesus recomendou que rezássemos intensamente ao “Senhor da messe”, para que envie operários à sua messe (cf Lc 10,2). A oração pelas vocações e para os serviços da missão da Igreja deve ser constante, e não apenas em algumas ocasiões.
Jesus recomendou que rezássemos intensamente ao “Senhor da messe”, para que envie operários à sua messe (cf Lc 10,2). A oração pelas vocações e para os serviços da missão da Igreja deve ser constante, e não apenas em algumas ocasiões.
Entretanto, aqui no Brasil, o mês de agosto é dedicado à especial
oração pelas vocações aos ministérios, serviços e a vida consagrada na
Igreja. A falta ou a escassez dessas vocações tornaria difícil a
realização da missão da Igreja. Por aí entendemos a insistência de
Jesus: “pedi ao Senhor da messe...”
Mas o Concílio Vaticano II nos lembra, de maneira oportuna, na
Constituição Dogmática Lumen Gentium (cap. 5º), que todos os filhos da
Igreja têm uma vocação em comum: a vocação à santidade. Esta vem do
próprio batismo e da adesão de fé ao Evangelho. No final do sermão da
montanha, tendo ensinado o caminho das bem-aventuranças e do verdadeiro
culto que se deve prestar a Deus, Jesus recomenda: “sede, pois,
perfeitos como também vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48).
Deus nos chama “a sermos santos e imaculados diante dele no amor” (cf
Ef 1,4). Esta santidade, mais do que uma conquista de nossos esforços, é
um dom que já recebemos “de graça”, com o Batismo, quando nos tornamos
“filhos de Deus”. A filiação divina e a comunhão com Deus são o “estado
de santidade”, recebido graças à redenção realizada por Jesus Cristo.
Nós recebemos o Espírito Santo, ou “Espírito de santidade”, que nos
capacita a levarmos vida santa; por isso os batizados, ajudados pela
graça de Deus, devem cultivar a santidade recebida e crescer nela
através das atitudes e comportamentos coerentes com esse dom. Devem
viver “como convém a santos”, recomenda o Apóstolo (Ef 5,3). “Como
escolhidos de Deus, santos e amados, revesti-vos de sentimentos de
carinhosa compaixão, bondade, humildade, mansidão, longanimidade” (Cl
3,12), para, assim, produzir os “frutos do Espírito para a santificação”
(cf.Gál 5,22).
Santidade e pecado continuam marcando nossa vida, enquanto estamos
neste mundo. Somos marcados por fraquezas e sujeitos ao pecado e temos a
necessidade de recorrer continuamente à misericórdia divina, pedindo o
perdão. Isso, porém, não impede que cresça em santidade quem se renova
na graça de Deus. Só não progride quem se entrega conscientemente aos
caminhos do pecado e não os abandona.
Todos os cristãos, de qualquer estado de vida, são chamados a
progredir na caridade e na plenitude da vida cristã. E a santidade do
povo de Deus expande-se no meio da comunidade humana, com abundantes
frutos de virtude. O verdadeiro santo nunca beneficia apenas a si mesmo,
mas à inteira comunidade humana na qual está inserido. Por aí
entendemos bem a palavra de São João Paulo II, em Florianópolis: “o
Brasil precisa de muitos santos!”
As vocações, na Igreja, não são para suprir a “mão de obra” para a
realização da missão, nem podem ser escolhas para passar comodamente a
vida: são caminhos especiais de santificação e para a realização da
única e básica vocação de todos os batizados: a santidade. As vocações
autênticas são, ao mesmo tempo, animadas pelo desejo e a disposição para
viver a santidade.
No mês de agosto, rezemos para ter uma consciência sempre mais clara
da nossa altíssima vocação: ser santos. Havendo maior desejo e busca da
santidade entre todos os batizados, também haverá mais vocações
sacerdotais, religiosas, laicais e consagradas de todos os carismas.
A12
Cardeal Odilo Pedro Scherer é arcebispo de São Paulo
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