sábado, 20 de janeiro de 2018

Arquidiocese de Braga cria serviço de acompanhamento para casais em segunda união

Dom Jorge Ortiga durante apresentação do serviço de acompanhamento das famílias / Foto: Arquidiocese de Braga

19 Jan.18


Braga, (ACI).- O Arcebispo de Braga, Portugal, Dom Jorge Ortiga, apresentou na quarta-feira, 17 de janeiro, um serviço de acompanhamento de divorciados em segunda união, a fim de ajudá-los em processos de nulidade ou, na impossibilidade destes, promover uma maior integração destes casais na vida eclesial, ressaltando que não se está oferecendo a estas famílias uma “autorização geral” para voltar a receber aos sacramentos.
“A primeira ajuda a oferecer aos fiéis divorciados que vivem em nova união é o disponibilizar de um serviço de informação e aconselhamento para averiguar a existência de algum fundamento que possa introduzir a causa de declaração de nulidade do matrimônio no Tribunal Eclesiástico”, afirmou o Arcebispo Primaz, Dom Jorge Ortiga em coletiva de imprensa.
O Prelado acrescentou que, “aos que não podem obter a declaração de nulidade mas querem viver a fé cristã numa boa relação com Deus e com a Igreja, é proposto um ‘itinerário de responsável discernimento pessoal e pastoral’, com o objetivo de uma maior integração”, com base no capítulo VIII da exortação apostólica Amoris Laetitia, intitulado “Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade”.
As indicações a respeito desse novo serviço de acompanhamento das famílias está na Carta Pastoral “Construir a Casa sobre a Rocha”, documento que “procura apenas sublinhar resumidamente algumas orientações para esta renovação pastoral, nomeadamente no que respeita à preparação para o matrimônio, ao acompanhamento de casais jovens e à integração eclesial dos divorciados que vivem em nova união”, como resumido em sua introdução.
Segundo Dom Jorge Ortiga, o “Serviço Arquidiocese de Acolhimento e Apoio à Família” pretende “disponibilizar um acompanhamento integral e multidisciplinar” dos desafios e problemas que as famílias enfrentam, “com seriedade e sempre de forma fiel à doutrina da Igreja”.
Nesse sentido, o novo serviço tratará de diversas questões como a violência doméstica, dependências, vida matrimonial e sexual, questões de foro espiritual, além da situação dos divorciados recasados. Conta ainda com uma “equipe estável”, composta por uma jurista em Direito Canônico e Civil, um psicólogo, um psiquiatra, uma médica de Medicina Geral e Familiar e três sacerdotes jesuítas.
Em relação aos divorciados recasados, além de apresentar “critérios de orientação pastoral para a aplicação do capítulo VIII da Exortação Apostólica Amoris Laetitia”, o documento apresenta ainda um anexo com “Proposta de elementos práticos para um processo de acompanhamento, discernimento e integração de pessoas divorciadas em nova união civil”.
Ao ressaltar que “a primeira ajuda” a oferecer a esses casais em nova união é averiguar a possibilidade de “introduzir a causa de declaração de nulidade”, o Arcebispo explicou que pretendem “agilizar o acesso ao Tribunal eliminando, entre outros aspectos, a ideia de que é um processo demasiado longo e caro”.
Entretanto, para os casos em que o processo de nulidade não seja uma opção, a Arquidiocese passa a oferecer um serviço que, conforme explica, envolve a oração, o acompanhamento de um diretor espiritual, exercícios e atividades várias em um itinerário que visa a “procura da vontade de Deus” e pode levar vários meses, podendo resultar em diferentes respostas.
“Os casais têm de estar prontos, por exemplo, para aceitar que não existem respostas pré-concebidas nem metas previamente definidas. Se assim não fosse, nada haveria a discernir”, afirmou o Arcebispo na coletiva de imprensa.
Sobre a possibilidade de o casal ter acesso aos sacramentos, nomeadamente à reconciliação e à comunhão, a Arquidiocese ressalta que isto “não está previamente garantido e que dependerá de várias etapas”.
O Prelado ressaltou ainda que o documento não deve ser visto como uma “autorização geral” para o acesso aos sacramentos por parte de divorciados em nova união e que o processo de discernimento pode culminar em outras formas de integração na vida da Igreja.
Como exemplos, citou uma “maior presença na comunidade, participação em grupos de oração ou reflexão ou compromisso nos diversos serviços eclesiais”.
“Este itinerário de discernimento, feito de oração, revisão de vida e abertura à vontade de Deus, tem um propósito: valorizar a importância da consciência pessoal na vida dos cristãos e da Igreja”, indicou.
Em resumo, o Arcebispo de Braga declarou que, “neste ministério do discernimento, deve evitar-se cair em dois extremos: o rigorismo e o laxismo”.
De acordo com o Prelado, este é um tema acerca do qual “todos os bispos estão sensíveis”. Além disso, ao admitir “uma resposta a nível nacional, de todos”, referiu que cada Bispo na sua Diocese está orientando este serviço “como melhor entender”.

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