sábado, 17 de junho de 2017

Papa em Santa Marta: quando aceitamos ‘a vergonha’ de ser de barro Deus nos salva

[zenit]
Por Redação

Nesta sexta-feira Francisco parte da Segunda carta aos Coríntios e do tesouro em vasos de barro




(ZENIT – Cidade do Vaticano, 16 Jun. 2017).- O papa Francisco na homilia desta sexta-feira na Casa Santa Marta, partiu da Segunda carta aos Coríntios, em que o apóstolo fala do mistério de Cristo dizendo “temos um tesouro em vasos de barro” e convidou a tomar consciência de serem ‘barro, frágeis e pecadores’.
“Temos este tesouro de Cristo em nossa fragilidade… nós somos barro”, porque é o poder, a força de Deus que nos salva, que nos cura, que nos ergue. É esta, no fundo, a realidade de nossa fraqueza”.
“Todos nós somos –recordou o Santo Padre– vulneráveis, frágeis, fracos, e precisamos ser curados. Ele nos diz: somos afligidos, abalados, perseguidos, atingidos: é a manifestação da nossa fraqueza, é a nossa vulnerabilidade. E uma das coisas mais difíceis na vida é admitir a própria fragilidade. Às vezes, tentamos encobri-la para que não se veja; ou mascará-la, ou dissimular… O próprio Paulo, no início deste capítulo, diz: ‘Quando caí em dissimulações vergonhosas’. Dissimular é vergonhoso sempre. É hipocrisia”.
Além da ‘hipocrisia com os outros’ existe também para nos mesmos quando acreditamos ‘ser outra coisa’, pensando ‘não precisar de curas ou apoio’. Quando dizemos: “não sou feito de barro, tenho um tesouro meu”.
“Este é o caminho, é a estrada rumo à vaidade, à soberba, à auto referencialidade daqueles que não se sentindo de barro, buscam a salvação, a plenitude de si mesmos. Mas o poder de Deus é o que nos salva, porque Paulo reconhece a nossa vulnerabilidade” indicou o Santo Padre.
E lembrou que o apóstolo diz: ‘Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia. Existe algo em Deus que nos dá esperança. Somos postos entre os maiores apuros, mas sem perder a esperança; perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados’. “É o poder de Deus que nos salva. Sempre existe esta relação entre o barro e o poder, o barro e o tesouro. Nós temos um tesouro em vasos de barro, mas a tentação é sempre a mesma: cobrir, dissimular, não admitir que somos barro… a hipocrisia em relação a nós mesmos”.
“O apóstolo Paulo com este modo de pensar, de raciocinar, de pregar a Palavra de Deus, nos conduz a um diálogo entre o tesouro e a argila. Um diálogo que continuamente devemos fazer para sermos honestos”.
Como na confissão, disse o Papa, “quando dizemos os pecados como se fossem uma lista de preços no supermercado”, pensando em “clarear um pouco o barro” para sermos mais fortes.
Ao invés, temos que aceitar a fraqueza e a vulnerabilidade, mesmo que seja difícil fazê-lo: é aqui que entra em jogo a ‘vergonha’. “É a vergonha, aquilo que aumenta o coração para deixar entrar o poder de Deus, a força de Deus. A vergonha de ser barro e não um vaso de prata ou de ouro. De ser de argila. E se chegarmos a este ponto, seremos felizes. O diálogo entre o poder de Deus e o barro. Por exemplo, no lava-pés, quando Jesus se aproxima de Pedro e este lhe diz: ‘Não, a mim não Senhor, por favor’. O que? Pedro não tinha entendido que era de barro, que precisava do poder do Senhor para ser salvo”.
E concluiu que somente quando aceitamos ser de barro “o extraordinário poder de Deus virá a nós e nos dará a plenitude, a salvação, a felicidade, a alegria de sermos salvos, recebendo assim a alegria de sermos ‘tesouro’ do Senhor”.

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