terça-feira, 18 de outubro de 2016

A via iluminativa

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Por Prof. VICTOR HUGO NASCIMENTO 


"Senhor, ensina-nos a orar." (Lc 11,1)
A via iluminativa, que é a iluminação da mente purificada para que possa intuir as grandes verdades da fé. O amor de Deus, fortalecido pela mortificação dos amores desregrados, é que abre o olho da mente para que possa receber a iluminação do Espírito Santo. O profundo conhecimento de Deus tem por base o amor. Para aqueles que amam o Senhor são dados especialmente o do da Sabedoria, da inteligência e da ciência, facilitando o progresso espiritual da alma.

A oração – noções gerais

A oração é um valor que recobre a vida inteira do cristão. Ela é fator de transição da vida purificativa para a via iluminativa, pois ela obtém de Deus a graça necessária à purificação do coração e é penetrada pelas luzes da comunicação divina (via iluminativa). É muitas vezes na oração que o Senhor se manifesta.

Necessidade de orar

Todos os seres existentes foram criados para dar glória a Deus. Os animais, vegetais e minerais o fazem pelo simples fato de existirem e seguirem seu curso normal. No entanto, o ser humano além de sua própria índole natural, espelha e louva a sabedoria de Deus de maneira consciente e explicita.
O cristão, todavia, além do motivo natural, tem razões sobrenaturais para dar glória a Deus (Gl 4,4-6; Rm 8,15). Feito filho no Filho, o cristão atribui o título de Pai, que resume a fé, a confiança e o amor filiais juntamente com uma entrega total ao plano de Deus.
Além da filiação divina, a qual impele o cristão à oração, o ser humano precisa de graça especial para viver à altura da sua vocação. Pela oração o cristão consegue aquilo que suas próprias forças não conseguem: “tudo posso Naquele que me fortalece” (Fl 4,13).
A oração nada de novo diz a Deus; de antemão Ele já sabe de que é que necessitamos e Ele o quer dar, porém Ele quer dar mediante nossa colaboração, que consiste em sugerir ao Pai do céu o que nos parece importante para o nosso bem. Assim, a oração nunca é perdida, pois, se Deus não nos dá aquilo que sugerimos, dá aquilo de que realmente necessitamos.

A oração em Cristo

Cristo é o Grande Orante. O Filho de Deus quis assumir a natureza humana, elevando ao Pai a sua mente e os afetos humanos do seu coração. Pois bem, o cristão é enxertado em Cristo pelo Batismo, de modo que ele tem Cristo não somente um modelo de oração, mas também um princípio eficaz de oração.
A união com Cristo implica a união à Igreja de Cristo. Esta é Igreja orante com Cristo, tendo por missão adorar, louvar e glorificar a Deus enquanto trabalha e sofre pelos interesses do Reino e o bem da humanidade.
O mundo afastado de Deus não reza; esforça-se em prol de produção material e da evolução cultural, na procura de dinheiro e do prazer; por esta razão ele necessita da prece da Santa Igreja que se realiza em cada fiel católico, para que possa descobrir os caminhos que levam à Verdade e à Vida.

Quatro atitudes de oração

A oração não é uma reflexão sobre Deus, o que seria estudo, mas é um diálogo entre a criatura e o Criador, diálogo no qual o orante intui as proposições da fé e nelas se deleita com amor.
Este diálogo se processa em quatro etapas:

  • Adoração ou reconhecimento da soberania de Deus (o que pode ser efetuado num profundo silêncio interior);
  • Ação de graças, que redunda em louvor de Deus tanto pelos benefícios que a pessoa compreende quanto por aqueles que ultrapassam seu entendimento;
  • Expiação ou pedido de perdão pelas faltas do orante e pelas do mundo (ingratidão à misericórdia de Deus);
  • Súplica ou pedido das graças necessárias para que a verdade contemplada se converta em vivência santa para o orante.

A Oração Pessoal – Noção básica

A oração costuma ser definida como “a elevação da mente a Deus”. Assim entendida, é o ato mais nobre que o ser humano possa efetuar, pois vem a ser a aplicação das faculdades mais nobres (intelecto e vontade) ao objetivo mais nobre, que é o próprio Deus. Na oração o homem se relaciona com Deus como um ser pessoal, com fé na presença de Deus, sabendo que Ele é tão presente que, antes mesmo de O buscarmos, Ele já nos procurava e atraía ao seu Amor.

Distrações e aridez na oração

Para que haja oração, não é necessário que o orante sinta deleite e bem-estar nesse exercício. O que dá valor à oração não é a “consolação” que ela pode proporcionar, mas a fé com que o orante se dirige a Deus. Que a fé sustente a oração até o fim, sem a abreviar, e a oração terá sido especialmente valiosa, porque praticada unicamente por causa de Deus, com a rejeição de qualquer interesse egoísta.
Mesmo que o cristão não sinta atrativo para rezar, ou uma pré-disposição para tal, só a sua tentativa de orar, já está sendo agradável a Deus. O cristão que passa sua meia hora de oração lutando contra as distrações, rezou, porque as resistindo, fez um longo e sólido ato de fé, muito significativo aos olhos de Deus.

A Oração contínua

É necessário, porém, que a oração se torne um estado de alma contínuo, como preceitua o Senhor Jesus em Lc 18,1: “é preciso orar sempre e nunca desfalecer”, ao que Paulo faz eco em 1 Ts 5,17: “Orai sem cessar”. Como executar tal norma do Senhor?

Três tentativas de solução


  • Estado de graça=oração contínuaà é expressa pela caridade. Como que se rezasse ao cuidar de um doente, visitar um preso, etc. De modo que não é suficiente a caridade para se manter em oração. É necessário ao cristão, momentos de silêncio na presença de Deus.

  • Atenção e afeto voltados constantemente para Deusà seria um estado constante de contemplação ao longo do dia. Alguns monges procuravam atingir este estado de imobilidade corporal e mental para atingir uma absoluta tranquilidade em Deus. O que se observa impossível para um homem comum hoje. Aliás, só os Anjos podem ter uma vida neste estilo.

  • Jaculatórias multiplicadasà do latim iaculum, dardo, as jaculatórias seriam breves e constantes orações a Deus. Os padres do deserto, e mesmo hoje, estimularam esta forma de oração. No entanto, há momentos do dia que se deve atender a cuidados materiais, o que interrompe as repetições.

 Via autêntica

S. Agostinho e S. Tomás de Aquino ensinaram: a alma procura o colóquio íntimo com Deus. Ora, permanecer neste colóquio constante com Deus é realmente impossível á criatura humana. Portanto, o que ser continuada é a raiz da oração, ou seja, a afirmação do amor de Deus. De forma que devemos fazer tudo por amor a Deus, afirmando ao Senhor a nossa intenção de se entregar à ocupação seguinte por amor a Deus.
Um tal amor, afirmando-se direta ou indiretamente, será uma voz contínua, uma oração contínua a Deus. Esse amor vivificará qualquer ocupação da pessoa, fazendo das suas preces vocais, dos seus trabalhos, dos seus recreios, das suas refeições, do seu sono, um contínuo ato de amor, e, por conseguinte, uma contínua oração.

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