Do livro Contraponto, de Aldous Huxley, que li há muitos anos por
necessidade de estudos, uma cena ficou-me gravada na memória, por
demonstrar a fina percepção psicológica do autor. Não recomendo o livro
nem o autor, relato apenas a cena como ela se me apresenta ao espírito.
É
um romance, em que um dos personagens é um libertino. Após experimentar
todo tipo de prazeres sensuais, ficou deles saciado a tal ponto, que
passou a procurar o grotesco. Já não mais buscava, como de início, as
mulheres belas; deixara de sentir atração por elas e buscava no mundo
tenebroso da prostituição aquelas que mais se haviam degradado moral e
fisicamente, as mais feias, as mais repugnantes, as que causavam maior
repulsa, pois só no sórdido encontrava algum prazer.
O
personagem afundou-se depois, sucessivamente, nos vícios mais abjetos,
até que um dia foi visto chicoteando umas belas flores. A deformação
moral, que começara com uma sensualidade sem freios, termina com um ódio
contra toda beleza, mesmo a beleza cândida e singela das flores de um
jardim.
De
modo semelhante, o barão de Charlus, personagem de Marcel Proust,
fazia-se chicotear em espantosas cenas de masoquismo, para tentar
arrancar à sua natureza torturada o prazer que não mais encontrava na
sensualidade corrente, e muito menos na retidão de uma vida normal.
Mera
ficção de romancistas, dirá alguém. Engano. Esse é o caminho que os
vícios fazem percorrer. Nem todos chegam ao fim da rampa, mas ela desce
até lá. Viciados na sensualidade ou em outras paixões, sempre
insatisfeitos com o que conseguem, desejando sempre mais e mais, não há
aberração que os detenha. Ao contrário da virtude, que ordena o
espírito, é temperante, traz equilíbrio e paz de alma.
* * *
Lembro
essas duas narrativas para pôr em realce um degrau ainda mais abaixo,
ao qual os dois romancistas citados não quiseram descer em suas
descrições. Mas hoje em dia, em que os horrores do mundo moderno superam
qualquer ficção, convém tratar deles.
Quando
uma pessoa se degrada ao último ponto, ela se torna semelhante ao
demônio, na sua hediondez; como, a contrário sensu, a pessoa que chega
ao mais alto da virtude, o santo, assemelha-se a Deus.
Assim,
o viciado que desce até o fundo do poço do vício está pronto para o
encontro com Satanás, e só se sente bem no convívio com ele. Simile
simili gaudet (o semelhante se sente bem com o semelhante). Mas isto que
vale para uma pessoa, vale para uma sociedade. É o que explica o
satanismo que vai explicitamente invadindo o mundo moderno e encontra as
portas abertas.
Diversas notícias
nos chegam dos Estados Unidos relatando missas satânicas que se
realizam, reivindicações satanistas para fazerem abertamente
proselitismo nas escolas e outras coisas do gênero.(*) Ainda
recentemente tivemos a realização de uma missa negra satânica em recinto
oficial cedido pela prefeitura de Oklahoma City, nos Estados Unidos, o
prédio do Oklahoma City Civic Center.
No
Brasil, manifestações satânicas vão surgindo daqui e dali, e os
adoradores do diabo já vão se preparando para reivindicar o status de
liberdade religiosa. É para onde conduz a rampa dos vícios não
combatidos e até oficializados.
Tal
situação seria inconcebível numa sociedade autenticamente católica e
virtuosa. Mas quando a sociedade se degrada, ela vê nas práticas
satânicas um símile daquilo que ela mesma faz. E abre as portas.
A
Virgem Imaculada, que esmaga a cabeça da serpente infernal, intervenha o
quanto antes, como anunciado em Fátima, para pôr cobro a tal situação.
_____________________
(*)
Exemplos de atividades satânicas nos Estados Unidos: 1)
http://ipco.org.br/ipco/guerra-espiritual-nos-eua-norte-americanos-se-manifestam-contra-missa-negra-satanica/
2)
http://ipco.org.br/ipco/catolicos-americanos-reagem-contra-tentativa-de-realizar-uma-missa-negra-satanica-na-universidade-de-harvard/#.V8dHf4-cEq0
3) http://ipco.org.br/ipco/56094-2/#.V8dH0Y-cEq0 4)
http://ipco.org.br/ipco/56050-2/#.V8dH_Y-cEq0
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