Por Prof. Felipe Aquino
A grande lição que João nos deixa é que “Ele cresça e eu desapareça!”
João Batista é o santo mais retratado na
arte cristã. E não é sem razão. Ele é o último profeta do Antigo
Testamento e o primeiro do Novo. A Igreja o festeja duas vezes no ano
litúrgico: no dia de sua morte (29 de agosto), e no dia em que nasceu
(24 de junho), para assinalar os seis meses que antecedem o nascimento
de Jesus, segundo as palavras do arcanjo Gabriel a Maria.
Deus o escolheu desde o ventre de Santa
Isabel para ser o precursor o Senhor. No décimo quinto ano de Tibério
(28-29 d.C.), iniciou sua missão no rio Jordão: pregar e batizar; daqui
vem o nome “Batista”.
Quando batizou Jesus, João revela a
identidade de Deus: “Eis o Cordeiro de Deus, eis aquele que tira o
pecado do mundo!” (Jo 1,29).
A sua Paixão era Jesus. Naquele momento
João confia: “Assim, pois, já este meu gozo está cumprido. É necessário
que ele cresça e que eu diminua.” (Jo 3,29-30). Morre decapitado, sua
cabeça foi pedida por capricho de Salomé, filha de Herodíades, mulher
ilegítima do rei de Israel.
João é o “arauto do grande Rei”; “a
trombeta do imperador”, como dizia São Francisco. Ele denuncia todo tipo
de pecado porque veio para anunciar Aquele que tira o pecado do mundo. E
derrama seu sangue para denunciar o pecado do rei.
Ele foi santificado ainda no ventre de
sua mãe diante da Virgem Maria. O profeta Isaías já tinha profetizado
que Deus o “preparou desde o nascimento para ser seu Servo – que eu
recupere Jacó para ele e faça Israel unir-se a ele; aos olhos do Senhor
esta é a minha glória”. (Is 49,4-6)
Sua Paixão era Jesus: “Eu não sou aquele
que pensais que eu seja! Mas vede: depois de mim vem Aquele, do qual nem
mereço desamarrar as sandálias” (cf. At 13,24-26). E o povo se curvava
diante da pregação de João: “Ouvindo-o todo o povo, e mesmo os
publicanos, deram razão a Deus, fazendo-se batizar com o batismo de
João”. (Lc 7, 29)
Ele disse que era apenas “uma voz clama
no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas”
(Is 40,3). “Eu vos batizo com água, em sinal de penitência, mas aquele
que virá depois de mim é mais poderoso do que eu e nem sou digno de
carregar seus calçados. Ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo.
Tem na mão a pá, limpará sua eira e recolherá o trigo ao celeiro. As
palhas, porém, queimá-las-á num fogo inextinguível”. (Mt 3,1-17)
Jesus fez elogios eloquentes a João: “Em
verdade vos digo: entre os filhos das mulheres, não surgiu outro maior
que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos céus é maior do que
ele. ( Mt 11, 11). “Desde a época de João Batista até o presente, o
Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o
conquistam”. (Mt 11, 12)
“Vós enviastes mensageiros a João, e ele
deu testemunho da verdade. João era uma lâmpada que arde e ilumina; vós,
porém, só por uma hora quisestes alegrar-vos com a sua luz”. (Jo 5, 35)
Quando João Batista mandou seus
discípulos perguntarem a Jesus: “És tu o que há de vir ou devemos
esperar por outro?”, Jesus respondeu-lhes: “Ide anunciar a João o que
tendes visto e ouvido: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos ficam
limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, aos pobres é anunciado o
Evangelho. Depois que se retiraram os mensageiros de João, ele começou a
falar de João ao povo: Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado
pelo vento? Pois vos digo: entre os nascidos de mulher não há maior que
João. Entretanto, o menor no Reino de Deus é maior do que ele”. (Lc 7,
22-28)
Jesus sempre se referia a João: “Pois
veio João Batista, que nem comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Ele está
possuído do demônio”. (Lucas 7, 33)
Ao ver Jesus, João Batista o apresentou a
seu discípulos de maneira certeira: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo” (João 1,29). Assim, João dava a “identidade e a missão”
de Jesus. Ele é aquele cordeiro que será imolado pela redenção da
humanidade, cuja figura estava naqueles dois cordeirinhos que os judeus
sacrificavam todos os dias no Templo, as seis horas da manhã e as seis
horas da tarde (o holocausto perpétuo), para que Deus perdoasse os
pecados do mundo. João mostrava assim a missão de Jesus, “arrancar com
sua morte o pecado do mundo”, porque “o salário do pecado é a morte”
(Rom 6,23). Mostrava-nos assim, que Jesus não veio para outra atividade,
senão tirar o pecado dos homens e instaurar o reino de Deus, da Graça.
Quando Jesus se apresentou para ser
batizado por ele, João rejeitou: “Eu devo ser batizado por ti e tu vens a
mim! Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por agora, pois convém cumpramos a
justiça completa. Então João cedeu. Depois que Jesus foi batizado, saiu
logo da água. Eis que os céus se abriram e viu descer sobre ele, em
forma de pomba, o Espírito de Deus. E do céu baixou uma voz: Eis meu
Filho muito amado em quem ponho minha afeição. (Mt 3,1ss)
Como todo profeta, João pagou com sangue
sua pregação. Conhecemos bem essa história. A grande lição que João nos
deixa é que “Ele cresça e eu desapareça!”
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