Por Suely Buriasco
A diferença que faz toda a diferença!
Tenho refletido muito sobre a piedade e suas manifestações, nada a
ver com “pena” ou qualquer pieguice do gênero. Falo da verdadeira
compaixão, esse sentimento que nos aproxima uns dos outros porque nos
sensibiliza em relação aos sofrimentos alheios.
A piedade é uma faculdade intuitiva que nos leva a compreender os
sentimentos alheios sem julgamentos ou preconceitos. Também não escolhe
essa ou aquela pessoa para se manifestar porque é espontânea e natural.
Entretanto, acredito que o seu desenvolvimento merece maior cuidado,
pois tenho observado as pessoas muito distantes umas das outras.
Estarei enganada? Gostaria realmente de estar, afinal que sentido pode
ter a vida se nos tornarmos insensíveis diante das emoções dos que nos
rodeiam? Por acaso é possível estarmos bem diante de alguém que sofre?
Todos têm seu próprio quinhão de dor, seus dias mais trevosos, não há
a menor dúvida de que precisamos uns dos outros para nos fortalecer na
busca de dias mais claros e prósperos. Assim, como se explica a postura
de “cobrador” dos atos de outrem? “Está colhendo o que plantou”; que
triste exclamação! Entendemos que é verdadeira a idéia, ou seja, cada um
sempre colhe o que plantou, porque a Justiça Divina é inexorável, mas
quem somos nós para lançar qualquer tipo de anátema em nossos
semelhantes? Por acaso também nós não sofremos as consequências de
nossos próprios atos? E queremos que nos reprovem?
Também há a questão do tempo; as pessoas estão cada vez mais ocupadas
com seus afazeres e isso as impossibilita de dedicar alguns momentos na
tentativa de abrandar a dor dos outros. Será? Não temos tempo de
procurar ajuda, ou mesmo alguém que nos ouça, quando é em nossa porta
que a aflição se apresenta? A vida é repleta de desafios, de situações
delicadas que mexem e remexem com nossos mais íntimos sentimentos.
Precisamos nos ater na imensa responsabilidade de conviver entre iguais,
agindo com os outros como gostaríamos que agissem conosco e isso
independente de quem seja ou de como proceda conosco. Tudo o que
fizermos no sentido de acolher e atenuar a dor alheia se refletirá em
atenuantes na nossa própria dor. O bem sempre se reverterá em bem, por
isso quem se apieda dos sofrimentos alheios nunca estará sozinho em seu
próprio sofrimento.
A sincera comiseração nos faz pessoas mais gratas e gentis, consequentemente, mais amadas e realizadas. Bom refletir!
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