sábado, 30 de julho de 2016

A sublimidade da Igreja em dois cortejos

[abim]
Por Pe. David Francisquini


Para exercer sua ação sublime e benfazeja sobre os fiéis, a Santa Igreja Católica Apostólica Romana fez desabrochar ao longo dos séculos uma realidade rica em imponderáveis.
Por exemplo, quando um cortejo fúnebre entra numa igreja, o padre faz uma breve oração junto à porta, para indicar que é a última vez que o defunto entra naquele recinto sagrado. Se ele for um leigo, estará com os pés voltados para o altar e a cabeça em direção à porta, para ensinar que era com os pés ele ia à igreja cumprir os preceitos sagrados.
Se o defunto for um sacerdote, ele estará revestido dos paramentos sagrados e, por encontrar-se na casa de Deus, onde exercera seu ministério e por vezes passara a vida, sua posição no ataúde será com os pés voltados para a porta da igreja e a cabeça em direção ao altar, indicando tratar-se de pessoa sagrada.
Com isso a Igreja ensina aos sacerdotes e aos fiéis seus deveres recíprocos, ou seja, de não se furtarem à missão de conduzir as almas a Deus e de não viverem alheios ao ambiente sagrado.
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Batismo 
Outro exemplo. Numa cerimônia batismal, o padre exerce a função sagrada de trazer um pagão para o seio da Santa Igreja. Neste sacramento há um imponderável digno de ser lembrado. Revestido de sobrepeliz e estola roxa, ele espera o cortejo na entrada da igreja junto à pia batismal, a fim de indicar que o batismo é a porta da Igreja pela qual, para se tornar cristão, é preciso passar.
Para tornar-se cristão, membro de Cristo, é necessário receber o batismo, sem o qual não há salvação, como disse o Salvador: “Quem não renascer pela água e pelo Espírito Santo, não poderá entrar no reino do Céu”.
Assim como não se entra numa casa sem passar pela porta, também não se pertence à Igreja sem passar pelo batismo. É através dele que se renasce, pela água e pelo Espírito Santo.
A Igreja é sublime e, portanto, contrária à vulgaridade, sendo esta uma das razões pelas quais o mundo moderno, igualitário, medíocre e laico A desdenha.
Assim, ao começar o cerimonial do batismo, estabelece-se um diálogo entre o celebrante e a criança, representada pelos padrinhos, no qual se diz:
“Que pedes à Igreja de Deus? A Fé, dizem os padrinhos.
— Que te alcança a Fé? A vida eterna.
— Se queres entrar na Vida Eterna, observa os mandamentos: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda a tua mente e a teu próximo como a ti mesmo”. Em seguida, o sacerdote insufla três vezes a face da criança e diz:
“Retira-te dela espírito imundo e dá lugar ao Espírito Santo Paráclito”.
Na sua liturgia, a Igreja associa a fé ao espírito de luta contra o mundo, o demônio e a carne. Ao traçar uma cruz na fronte e no coração do batizando, Ela o conclama a ser fiel aos preceitos divinos e aos bons costumes, condição necessária para ser o templo de Deus.
Essa ação da Igreja nas almas assemelha-se à ação da família com relação aos seus filhos. Para cerceá-la, procura-se desfigurar as famílias pelo divórcio, pelos prazeres desordenados, pelo ambiente frenético crescente, exercendo assim um trabalho incessante para descaracterizar a instituição familiar, que é um reflexo da instituição divina da Igreja.
Fazer mal à família é prejudicar a Igreja, é estraçalhar esta simbologia de que fala São Paulo Apóstolo: “Como o marido é a cabeça da mulher, Cristo é a cabeça da Igreja, seu corpo, do qual Ele é o Salvador” (Ef. 5,23).
O modo de agir da Esposa de Cristo opõe-se a ação do mundo e do demônio nas almas e fundamenta a esperança e a certeza de que essa missão salvadora, atuante dentro dos ambientes, age de modo sutil, criando condições e ambiente para a salvação eterna.
A maior conquista do processo revolucionário em cinco séculos de destruição da Civilização Cristã foi ter conseguido penetrar no recinto sagrado da Igreja Católica para mudar suas instituições, sua doutrina, e perverter assim a mentalidade dos que professem a Religião verdadeira.
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Dois acontecimentos diametralmente opostos serão comemorados em 2017: o centenário das aparições de Nossa Senhora de Fátima e os 500 anos da Revolução Protestante luterana. Enquanto os verdadeiros católicos procuram enaltecer a Mãe de Deus e colocar em prática os pedidos feitos por Ela em 1917, os católicos progressistas, pelo contrário, se preparam para comemorar o heresiarca Martinho Lutero, o qual, segundo eles, teria realizado “algo de bom e de vantajoso” em favor da Igreja Católica!
Não se entende como um inimigo tão perverso, com sanha persecutória, possa realizar algo em favor d’Aquela que ele pretendia destruir. Mas, em todos os momentos de crise, não falta à Santa Igreja a proteção do Espírito Santo. Basta que seus ministros O invoquem para que todo o processo conspiratório se desvaneça.
Portanto, no atual e crítico impasse em que nos encontramos, com a Igreja aparentemente convertida em “uma sociedade puramente humana, uma simples ONG”, conforme aludiu o Cardeal Robert Sarah (prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos), impõe-se a adesão e a atuação clara e enfática de todo o clero a uma situação em que Deus volte a ser o centro das cogitações humanas; e, especialmente, esteja no âmago das celebrações litúrgicas na realização do cerimonial católico.
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(*) Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria – Cardoso Moreira (RJ).

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