terça-feira, 28 de junho de 2016

Santo Irineu

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Hoje a Igreja celebra uma grande figura da Igreja dos primeiros séculos. Uma personalidade eminente, um gigante da fé e da Igreja, Santo Irineu de Lyon.
Mas antes de adentrarmos um pouco nesta preciosa personalidade da nossa Igreja, gostaria de lhe fazer uma pergunta:
Você sabe o que é “Patrística”?
Patrística é a teologia dos Padres da Igreja.
Mas o que são os “Padres da Igreja?
Padres da Igreja foram cristãos dos primeiros séculos que brilharam na Igreja por suas reflexões teológicas. Eles se tornaram os guardiões da fé, e defenderam esta verdade da fé enfrentando muitas heresias e, de certa forma foram responsáveis pelo o que chamamos hoje de Tradição da Igreja.
Quais sãos critérios para serem Padres da Igreja?
  1. Ter uma “Doutrina Ortodoxa” (Doutrina Reta).
  2. Santidade de Vida.
  3. Provação da Igreja. A sua doutrina precisa ser aprovada pelo magistério, podendo ser uma aprovação expressa ou uma aprovação explicita; que decorre com a passagem dos anos.
  4. Antiguidade destes padres. O período patrística vai aproximadamente do século I ao século VII.
E o nosso Santo de hoje é um dos gigantes entre os Padres da Igreja.
Irineu nasceu em Esmirna (hoje Izmir, na Turquia) por volta do ano 135-140, onde ainda jovem frequentou a escola do Bispo Policarpo, este por sua vez discípulo do apóstolo João. Inclusive sendo ordenado pelo mesmo São Policarpo, que o enviou para a Gália, atual França.
Em Gália trabalhou ao lado de Fotino, o primeiro bispo de Lyon. E certamente essa transferência coincidiu com os primeiros desenvolvimentos da comunidade cristã de Lyon.
Precisamente no ano de 175, Irineu foi enviado para Roma, portando uma carta da comunidade de Lyon ao Papa da época, chamado Eleutério. Esta missão romana de Irineu, subtraiu à perseguição de Marco Aurélio, que causou pelo menos quarenta e oito mártires, entre os quais o próprio Bispo de Lyon, Potino, que, com noventa anos, faleceu por maus tratos no cárcere. Assim, com o seu regresso, Irineu foi eleito Bispo da cidade de Lyon, que se concluiu por volta de 202-203, talvez com o martírio.
Irineu é antes de tudo um homem de fé e Pastor. “Do bom Pastor tem o sentido da medida, a riqueza da doutrina e o fervor missionário”, já nos dizia o Papa Bento XVI.
E Irineu reunia em si tudo isso!
Era muito culto e letrado em várias línguas, e como escritor, buscava uma dupla finalidade: defender a verdadeira doutrina contra os ataques heréticos, e expor com clareza a verdade da fé.
Correspondem exatamente a estas finalidades as duas obras que dele permanecem: os cinco livros Contra as Heresias, e a Exposição da pregação apostólica (que se pode também chamar o mais antigo “catecismo da doutrina cristã”).
A Igreja do século II estava ameaçada pela chamada gnose, uma doutrina que afirmava que a fé ensinada na Igreja seria apenas um simbolismo para os simples, que não são capazes de compreender coisas difíceis; ao contrário, os idosos, os intelectuais chamavam-se gnósticos porque teriam compreendido o que está por detrás destes símbolos, e assim teriam formado um cristianismo elitista, intelectualista. Obviamente este cristianismo intelectualista fragmentava-se cada vez mais em diversas correntes com pensamentos muitas vezes estranhos e extravagantes, mas para muitos era atraente.
Irineu combateu eficazmente o gnosticismo em suas obras.
O Evangelho pregado pelo Bispo Irineu é o mesmo que recebeu de Policarpo, Bispo de Esmirna, e o Evangelho de Policarpo remonta ao apóstolo João, do qual Policarpo era discípulo. E assim o verdadeiro ensinamento não é o que foi inventado pelos intelectuais além da fé simples da Igreja. O verdadeiro Evangelho é o que foi transmitido pelos Bispos que o receberam numa sucessão ininterrupta dos Apóstolos. Eles outra coisa não ensinaram senão precisamente esta fé simples, que é também a verdadeira profundidade da revelação de Deus. Assim diz-nos Irineu: “Não há uma doutrina secreta por detrás do Credo comum da Igreja. Não existe um cristianismo superior para intelectuais. A fé publicamente confessada pela Igreja é a fé comum de todos. Só esta fé é apostólica, vem dos Apóstolos, isto é, de Jesus e de Deus”. (Adv. Haer.3, 3, 3-4).
Penso não haver maneira melhor de encerrar que não seja com as palavras do Apóstolo Paulo recomendada a Timóteo e a todos nós neste dia de hoje:
“Anunciai a Palavra de Deus, insisti em todos os momentos oportuna e inoportunamente, admoestai, repreendei, exortai com toda a paciência e empenho de instruir. Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas. Tu, porém, sê prudente em tudo, paciente no sofrimento, cumpre a missão de pregador do Evangelho, consagra-te ao teu ministério” (2. Tm 4, 2-4).
Pedimos a intercessão de Santo Irineu de Lyon por toda a Igreja, o Santo Padre o Papa, os bispos, os sacerdotes, as pessoas consagradas e a todos nós fiéis leigos, um renovado fervor para cumprirmos nossa missão de pregadores do Evangelho de Cristo confiada a nós no batismo, à força da verdade que é a fonte de todos os valores verdadeiros do mundo. Amém!

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