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Hoje a Igreja celebra uma grande figura da Igreja dos primeiros
séculos. Uma personalidade eminente, um gigante da fé e da Igreja, Santo
Irineu de Lyon.
Mas antes de adentrarmos um pouco nesta preciosa personalidade da nossa Igreja, gostaria de lhe fazer uma pergunta:
Você sabe o que é “Patrística”?
Patrística é a teologia dos Padres da Igreja.
Mas o que são os “Padres da Igreja?
Padres da Igreja foram cristãos dos primeiros séculos que brilharam
na Igreja por suas reflexões teológicas. Eles se tornaram os guardiões
da fé, e defenderam esta verdade da fé enfrentando muitas heresias e, de
certa forma foram responsáveis pelo o que chamamos hoje de Tradição da
Igreja.
Quais sãos critérios para serem Padres da Igreja?
- Ter uma “Doutrina Ortodoxa” (Doutrina Reta).
- Santidade de Vida.
- Provação da Igreja. A sua doutrina precisa ser aprovada pelo magistério, podendo ser uma aprovação expressa ou uma aprovação explicita; que decorre com a passagem dos anos.
- Antiguidade destes padres. O período patrística vai aproximadamente do século I ao século VII.
E o nosso Santo de hoje é um dos gigantes entre os Padres da Igreja.
Irineu nasceu em Esmirna (hoje Izmir, na Turquia) por volta do ano
135-140, onde ainda jovem frequentou a escola do Bispo Policarpo, este
por sua vez discípulo do apóstolo João. Inclusive sendo ordenado pelo
mesmo São Policarpo, que o enviou para a Gália, atual França.
Em Gália trabalhou ao lado de Fotino, o primeiro bispo de Lyon. E
certamente essa transferência coincidiu com os primeiros
desenvolvimentos da comunidade cristã de Lyon.
Precisamente no ano de 175, Irineu foi enviado para Roma, portando
uma carta da comunidade de Lyon ao Papa da época, chamado Eleutério.
Esta missão romana de Irineu, subtraiu à perseguição de Marco Aurélio,
que causou pelo menos quarenta e oito mártires, entre os quais o próprio
Bispo de Lyon, Potino, que, com noventa anos, faleceu por maus tratos
no cárcere. Assim, com o seu regresso, Irineu foi eleito Bispo da cidade
de Lyon, que se concluiu por volta de 202-203, talvez com o martírio.
Irineu é antes de tudo um homem de fé e Pastor. “Do bom Pastor tem o
sentido da medida, a riqueza da doutrina e o fervor missionário”, já nos
dizia o Papa Bento XVI.
E Irineu reunia em si tudo isso!
Era muito culto e letrado em várias línguas, e como escritor, buscava
uma dupla finalidade: defender a verdadeira doutrina contra os ataques
heréticos, e expor com clareza a verdade da fé.
Correspondem exatamente a estas finalidades as duas obras que dele
permanecem: os cinco livros Contra as Heresias, e a Exposição da
pregação apostólica (que se pode também chamar o mais antigo “catecismo
da doutrina cristã”).
A Igreja do século II estava ameaçada pela chamada gnose, uma
doutrina que afirmava que a fé ensinada na Igreja seria apenas um
simbolismo para os simples, que não são capazes de compreender coisas
difíceis; ao contrário, os idosos, os intelectuais chamavam-se gnósticos
porque teriam compreendido o que está por detrás destes símbolos, e
assim teriam formado um cristianismo elitista, intelectualista.
Obviamente este cristianismo intelectualista fragmentava-se cada vez
mais em diversas correntes com pensamentos muitas vezes estranhos e
extravagantes, mas para muitos era atraente.
Irineu combateu eficazmente o gnosticismo em suas obras.
O Evangelho pregado pelo Bispo Irineu é o mesmo que recebeu de
Policarpo, Bispo de Esmirna, e o Evangelho de Policarpo remonta ao
apóstolo João, do qual Policarpo era discípulo. E assim o verdadeiro
ensinamento não é o que foi inventado pelos intelectuais além da fé
simples da Igreja. O verdadeiro Evangelho é o que foi transmitido pelos
Bispos que o receberam numa sucessão ininterrupta dos Apóstolos. Eles
outra coisa não ensinaram senão precisamente esta fé simples, que é
também a verdadeira profundidade da revelação de Deus. Assim diz-nos
Irineu: “Não há uma doutrina secreta por detrás do Credo comum da
Igreja. Não existe um cristianismo superior para intelectuais. A fé
publicamente confessada pela Igreja é a fé comum de todos. Só esta fé é
apostólica, vem dos Apóstolos, isto é, de Jesus e de Deus”. (Adv.
Haer.3, 3, 3-4).
Penso não haver maneira melhor de encerrar que não seja com as
palavras do Apóstolo Paulo recomendada a Timóteo e a todos nós neste dia
de hoje:
“Anunciai a Palavra de Deus, insisti em todos os momentos oportuna e
inoportunamente, admoestai, repreendei, exortai com toda a paciência e
empenho de instruir. Porque virá tempo em que os homens já não
suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e
pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão
os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas. Tu, porém, sê prudente
em tudo, paciente no sofrimento, cumpre a missão de pregador do
Evangelho, consagra-te ao teu ministério” (2. Tm 4, 2-4).
Pedimos a intercessão de Santo Irineu de Lyon por toda a Igreja, o
Santo Padre o Papa, os bispos, os sacerdotes, as pessoas consagradas e a
todos nós fiéis leigos, um renovado fervor para cumprirmos nossa missão
de pregadores do Evangelho de Cristo confiada a nós no batismo, à força
da verdade que é a fonte de todos os valores verdadeiros do mundo.
Amém!
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