quinta-feira, 30 de junho de 2016

Comunidade LGBTTT à luz da revelação cristã: de Orlando ao Brasil

[domtotal]
Por César Thiago do Carmo Alves*

Violências e assassinatos contra o padrão cis-hetero-normativo tem sido uma praxe.

Um discurso de ódio, um fuzil de assalto e um plano. Foi assim que Omar Mateen brindou o mundo com uma cena de terror. Ao entrar na boate Pulse em Orlando, na Flórida, abriu fogo contra a comunidade LGBTTT que ali se reúne para divertir e resistir à intolerância por conta da orientação sexual e identidade de gênero. Assassinou 50 pessoas e deixou outras 53 feridas. Inúmeras são as especulações feitas até o momento, desde sua possível relação com o Estado Islâmico a um franco atirador solitário movido pelo ódio. No momento ainda é difícil dizer algo sobre isso. No entanto, essa cena provocou comoção mundial. Esse cenário instiga reflexão.
Boates LGBTTT são também lugares de resistência. Na história isso se pode notar desde o bar de Stonewall Inn, em Nova York, onde a comunidade LGBTTT se reunia e que em 28 de junho de 1969 houve a famosa rebelião contra a violência policial a essa comunidade. Essa rebelião ficou marcada na história como inicio do movimento de libertação gay e de luta pelos direitos LGBTTT nos Estados Unidos.
Violências e assassinatos contra o padrão cis-hetero-normativo tem sido uma praxe. No cenário brasileiro não é muito diferente. O relatório de 2014 aponta que foram documentadas mais de 326 mortes de gays, trans e lésbicas no Brasil. Nessa contagem se contabiliza 9 suicídios. Dos 326 mortos, 163 eram gays, 134 trans, 14 lésbicas, 3 bissexuais e 7 amantes de trans (T-lovers). Foram assassinados 7 heterossexuais, pelo fato de estarem em espaços LGBTTT ou simplesmente por terem sido confundidos com gays. Isso revela um assassinado a cada 27 horas. Esses dados estatísticos são assustadores. Considerando esses cenários, uma pergunta se impõe: o que a fé cristã tem a dizer sobre isso a partir da Revelação de Deus? Uma pergunta um tanto quanto ousada quando se veem determinados setores das Igrejas cristãs pregando a intolerância e o ódio que leva a assassinar a comunidade LGBTTT simbolicamente, influenciando no espaço político para que direitos lhe sejam negados.  Com base no discurso religioso alguns chegam ao ponto de assassinar alguém por conta de sua orientação sexual e/ou identidade de gênero. No entanto vale sublinhar que são alguns setores e não todos os setores das Igrejas cristãs, uma vez que se constata grupos preocupados com a inclusão e o respeito à diversidade. São verdadeiros profetas!
A chave hermenêutica para responder a pergunta não pode ser outra que não o amor. E por que o amor se coloca como chave hermenêutica? Jesus ao responder para um escriba que o primeiro e maior dos mandamentos da legislação mosaica era amar a Deus de todo coração, alma e entendimento acrescentou um segundo que consiste em amar o próximo como a si mesmo (cf. Mc 12,30-31). Esse amor a Deus e ao próximo provoca uma relação de alteridade. Essa relação faz reconhecer no outro o rosto de Deus. No outro está a shekhiah de Adonai. Se se reconhece o rosto e a shekhiah de Adonai no outro, então Jesus ao revelar Deus, mostrou que esse rosto se torna visível e presente nos pequenos. Dito de forma sociológica, Deus ama, se visibiliza e se faz presente nas minorias sociais. O discurso escatológico no evangelho de Mateus revela isso (cf. Mt 25,31-46). Acolher as minorias é acolher a presença do próprio Senhor. A acolhida só é possível no amor. Assim, ao contemplar a comunidade LGBTTT, por ser uma minoria social, a fé cristã à luz do amor divino é provocada a acolher essas pessoas e ao dom de Deus ofertado a elas da orientação sexual e/ou identidade de gênero que cada pessoa traz consigo. Violentá-las é em última análise violentar o Mestre.
Um outro dado da Revelação pode colaborar com a leitura a respeito da opressão e tentativas de invisibilizar a comunidade LGBTTT assassinando-a por conta de fundamentalismos e conservadorismos. Esse dado é o próprio mistério pascal.  Jesus, perseguido religiosamente e preso político, foi assassinado por conta de sua opção por defender a vida. Por sua resposta positiva ao projeto do Pai, o Pai não permitiu que sua vida terminasse no sepulcro e por isso o ressuscitou na força do Espírito Santo. Uma vida bem vivida não pode permanecer morta.  Parece que o mistério pascal é vivenciado no cotidiano da comunidade LGBTTT. Ela é perseguida. Tentam calá-la porque defende a vida dos seus enquanto outros querem matar (cena emblemática foi a da 19ª Parada do Orgulho LGBTTT de São Paulo em 2015 quando a trans Viviany Beleboni denunciou profeticamente a crucificação da comunidade). Contudo, indubitavelmente, o Pai vai mostrando sinais de ressurreição nas vicissitudes históricas quando algum direito é conquistado, mesmo que seja a duras penas.
Para que não haja mais tragédias como em Orlando e no Brasil que seja o amor vencedor do ódio, a tolerância vencedora da intolerância, a vida vencedora da morte. Assim, poderemos contemplar um Deus que é amor porque trinitáriamente é diverso. 

*César Thiago do Carmo Alves é graduado em Filosofia pelo ISTA e Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE). Possui mestrado em Teologia Sistemática pela FAJE. 
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jbpsverdade: Reparem na bandeira com as cores que representa o homossexualismo, a comunidade LGBTT, com a palavra "paz" e uma "cruz" invertida, ela simboliza a "verdadeira" paz sem Cristo. O pé-de-galinha é uma cruz com os braços quebrados e caídos. O círculo representa o inferno. Na década de 60 foi usada pelos hippies; também foi símbolo de ecologia no mundo, pois representa uma árvore de cabeça para baixo. E esse símbolo simboliza a Igreja de Satã nos Estados Unidos.

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