O Globo
Segundo jornais, uma mulher também pode estar envolvida no VatiLeaks
VATICANO — O Vaticano negou hoje que algum cardeal esteja envolvido
no vazamento de documentos confidenciais da Santa Sé. O porta-voz, o
padre Federico Lombardi, veio mais uma vez dar explicações sobre o caso
conhecido como VatiLeaks depois de os jornais italianos “Corriere della
Sera” e o “Il Messaggero” divulgarem nesta segunda-feira novas suspeitas
de que o mordomo do Papa Bento XVI, Paolo Gabriele, não teria agido
sozinho. Segundo os veículos, um cardeal — ainda não identificado e dito
próximo ao Pontífice — teria sido o principal articulador da ação.
— Não há nenhum cardeal investigado, nem italiano e nem não italiano — disse o porta-voz, acrescentando que o Papa Bento XVI está sendo constantemente informado sobre o desenvolvimento do caso. — Ele (Bento XVI) tem consciência de que se trata de uma situação delicada vivida pela Cúria.
Já o jornal espanhol “El País” divulgou rumores de que
uma mulher italiana, jovem, casada e servindo diretamente a Bento XVI,
também participara do complô e que novas prisões eram esperadas.
— Meu marido quer bem à Igreja. Estou certa de que não faria algo que pudesse prejudicar o Santo Padre — disse Manuela Citti, esposa do mordomo Paolo Gabriele, preso na semana passada.
Apesar das novas
denúncias, o Vaticano preferiu não comentar o assunto. No domingo, Bento
XVI, na aparição semanal na janela de seu apartamento, disse que a
Igreja e os fiéis estão vivendo “uma nova babel”, mas ressaltou que “o
vento bate na casa de Deus, mas um edifício construído sobre rocha
sólida não cai”. Fontes próximas ao Pontífice disseram que ele se sente
“doído e atingido” pela prisão de um de seus homens mais próximos.
Vazamento teria como objetivo proteger o Papa, diz fonte
Gabriele, de 46 anos, foi preso após autoridades encontrarem uma série de documentos confidenciais em seu apartamento.
Em alguns dos textos vazados para a imprensa italiana, estavam
especificadas denúncias e casos de corrupção, má administração,
nepotismo, desentendimentos financeiros e troca de favores entre
religiosos da alta hierarquia da Igreja.
Segundo um dos supostos
membros da trama, ouvido pelo jornal “La Reppublica”, o vazamento teria
como objetivo proteger Bento XVI, de 85 anos, de disputas internas e o
modormo teria entregado os papéis atendendo a pedidos. A fonte, que
seria um alto funcionário do Vaticano, afirma que o vazamento começou
principalmente devido ao temor pelo poder acumulado pelo secretário de
Estado da Santa Sé, Tarcisio Bertone, e para revelar movimentações
surgidas na Igreja nos últimos anos.
“Há os que se opõem a
Bertone. Há os que pensam que Bento XVI está muito fraco para levar a
Igreja (adiante). Os que consideram que consideram que é o momento
adequando para dar um passo à frente. Desse modo, se converteu em todos
contra todos, numa guerra em que já não se sabe quem está com quem”,
disse a fonte.
O Vaticano não possui prisão, por isso Gabriele
está preso em uma “sala de segurança” da polícia local, dentro dos
limites do pequeno Estado. Se for condenado, ele pode enfrentar mais de
30 anos de prisão por posse ilegal de documentos. Ele cumpriria a pena
em uma prisão italiana, graças a um acordo entre Roma e o Vaticano.
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